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Relacionamento Abusivo

     Antes de dialogarmos sobre o relacionamento abusivo é preciso que primeiramente comecemos falando sobre o relacionamento saudável. Primeiramente é preciso desconstruir o ideal de um relacionamento como em contos de fadas ou filmes, afinal é pouquíssimo que duas pessoas, em qualquer tipo de relacionamento, se “encaixem” ou se “completem” ou até mesmo que “vivam felizes para sempre”, uma vez que temos nossos gostos e vontades diferentes um dos outros, singulares a nós mesmos.


Te convido então a pensar os relacionamentos como trocas de esforços e concessões. Quando essa troca ocorre de forma igual entre as partes do relacionamento, podemos considerar o mesmo como saudável. O problema acontece quando essas trocas não são ou deixam de ser iguais, criando dois lugares: uma parte que se esforça ou concede demais e uma parte que se esforça ou concede pouco, existindo então um subjugado e um subjugador. 


     Quando isso acontece, podemos nomear como relacionamento abusivo ou relacionamento tóxico. Mas como um relacionamento abusivo é sustentado? É consideravelmente mais fácil para que alguém fora desse relacionamento enxergue esses aspectos, da mesma forma, muitas vezes mais difícil para que alguém dentro dele o veja assim. Assumindo o lugar de subjugado, torna-se fácil pensar que nós é que não estamos fazendo ou cedendo o suficiente, em um movimento que torna essa troca cada vez mais desigual. Ao mesmo tempo, o subjugador, assumindo seu papel, também contribui para essa desigualdade, apontando esses mesmos aspectos como se não valessem para o mesmo. 


     Um relacionamento abusivo abre espaço para que aconteça qualquer tipo de violência no meio, como a violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial através do discurso do subjugador. Essas violências podem não acontecer ao mesmo tempo, mas são possibilidades abertas.


     Conselhos como “você devia ter mais amor próprio”, dizer que “isso não é amor” ou apontar as atitudes abusivas dificilmente irá ajudar a pessoa que se encontra nesse relacionamento. A psicoterapia, por sua vez, ao proporcionar um ambiente de escuta de si mesmo, levando a questionamentos sobre seu lugar nesse relacionamento e as raízes para os motivos que te fazem sustenta-lo e o seu fortalecimento pessoal se mostram cada vez mais eficazes para lidar com um assunto tão delicado.


     É importante salientar a periculosidade desse tema para a própria vida do indivíduo que está nesse lugar. Não estamos falando aqui de ameaças a vida ou a integridade do indivíduo e de seus familiares, mas sim de acontecimentos velados que fazem com que o subjugador coloque o outro nesse lugar de uma forma quase imperceptível para ele. Ou até mesmo de um indivíduo que sabe que está nesse lugar, mas não tem forças para sair dele. A psicoterapia pode te ajudar a se dar conta disso antes que chegue a casos extremos, como citado acima.


     Vale ser ressaltado que esse tipo de relacionamento não está restrito ao relacionamento amoroso, mas também acontece em todos os tipos de relacionamento, como na própria família ou em amizades.


Ansiedade: O mal do século?

     A ansiedade em si é um estado comum para os seres humanos. É instintivo, por exemplo, que fiquemos apreensivos e irritados em situações de perigo ou nervosos quando estamos prestes a lidar com uma situação nova, diferente da que estamos acostumados.


     O problema, assim como já foi tratado em outras publicações por aqui, é quando essa ansiedade nos deixa paralisados em quaisquer âmbitos de nossas vidas. Se consideramos que vivemos em uma época muito competitiva, podemos dizer que estamos sempre almejando o fim dessa competição (existe um fim?). Até aí, tudo bem, é importante almejarmos nossos objetivos. Porém, quando lidamos com uma competição, surgem muitas variáveis que causam sofrimento, como expectativas, medo de decepcionar a si ou aos outros, medo de não conseguir alcançar a meta determinada. Em geral, pensamentos catastróficos sobre algo que nem sequer aconteceu.

     Dizer que o transtorno de ansiedade é o mal do século não quer dizer que ela só passou a existir nos últimos anos, mas que vem ocorrendo com mais frequência devido as mudanças comuns no modo em que funciona a sociedade.

     A grande questão é que é difícil vincular o transtorno de ansiedade a um único significado, pois se trata de algo muito particular em nossas vidas. Embora existam algumas características comuns, não abrange todo o sofrimento atrelado a ela. Desse modo, muitas pessoas não sabem que estão ansiosas por não se encaixar nessas características.

     Penso ser uma boa deixa para frisar a importância de conhecermos melhor, não somente a psicopatologia, mas a nós mesmos. Parece difícil de acontecer, mas a realidade é que é muito comum não percebermos o que se passa dentro de nós e a psicoterapia é um ótimo lugar para começarmos a lidar com esses assuntos.

     Quando simplesmente pensar em um determinado assunto é suficiente para nos deixar com medo, com falta de ar, com dificuldade de concentração, com um cansaço inexplicável ou qualquer coisa que venha a alterar o nosso bem-estar, causando sofrimento, talvez seja uma boa hora para procurar ajuda.

Depressão

     Um transtorno que engloba um conceito muito amplo, que é muito subestimado, mitificado e negado hoje em dia, por mais absurdo que pareça.

     Muitos nomes já foram utilizados para representar o transtorno depressivo. Embora venha sendo mais estudada nos últimos anos, é uma doença que afeta a humanidade há muitos séculos. Talvez uma das maiores confusões em relação a depressão seja justamente a tentativa de englobar tantos aspectos a um só termo, fazendo com que os sintomas sejam, em alguns casos, diferentes de uma pessoa para a outra.

     Tornou-se irritantemente comum, pelo menos em situações do meu cotidiano, presenciar discursos negacionistas sobre a doença. Quem aí nunca ouviu alguém dizendo que a depressão não passa de frescura? Ou que é falta de fé/religião? Ou que a geração atual é mais “fraca” que a geração anterior? Ou que o deprimido só quer chamar atenção?

     Não se trata de acreditar ou não na doença, ela existe e é reconhecida     cientificamente independente do achismo de alguns. Discursos como esse são perigosos, uma vez que desacreditada a existência da depressão, diminuem as chances de alguém em sofrimento buscar ajuda, piorando gradualmente o estado depressivo.

     Depressão não é brincadeira, não é frescura e não é falta de fé. Ela impede o indivíduo de seguir até as coisas mais simples em sua vida. Depressão mata, assim como outras doenças. Ela não pode ser normatizada.

     Se você se sente deprimido, incapaz de realizar atividades “simples”, se não sente vontade de seguir em frente, se tem dificuldade para dormir ou para acordar e levantar da cama, é importante que procure tratamento o quanto antes. O tratamento é muitas vezes feito em conjunto com o psicólogo e o psiquiatra.

Perfeição: uma corrida sem linha de chegada

     A perfeição realmente existe?


 

     Penso que seja uma boa pergunta para começarmos a pensar sobre o tema. Se nos questionarmos afundo sobre o que rodeia esse termo, começamos a nos dar conta do sofrimento atrelado ao mesmo. Pensa só: se consideramos que o perfeito é inalcançável, definir uma meta de perfeição seria como disputar uma corrida sem linha de chegada. Em outras palavras, uma frustrante e exaustiva busca por aquilo que não podemos ter.

     Se você ainda não assistiu, sugiro o filme “Whiplash: em busca da perfeição”. Como diz o título, o filme narra exatamente o que tratamos aqui, o sofrimento por trás dessa busca incessante e inalcançável, junto de suas consequências e angústias. Além disso, nos mostra também um pouco de como essa ideia de conquista surge, que é, em terapia, um passo importante para entendermos como isso surgiu e como nos afeta.

     É claro que, dependendo de como isso acontece, é saudável que busquemos sempre nos aprimorar naquilo que fazemos. Contudo, se engana quem pensa que o perfeccionismo irá nos guiar a sermos melhores. A frustração, a angústia e o cansaço que é buscar o inalcançável muitas vezes faz com que o indivíduo paralise. Os motivos para isso são muitos, mas vou citar o mais comum, que é o medo de produzir algo que não esteja dentro dos parâmetros perfeitos que foram criados por ele. Muitas vezes, esse medo faz com que, buscando a perfeição, deixemos de criar algo que poderia ser excelente.

     É importante que perguntas como a que iniciou esse post sejam feitas dentro do ambiente terapêutico. Embora elas não necessariamente necessitem de resposta, acabam por no guiar a um questionamento do motivo para essa ideia existir, o que gradualmente podem fazer com que deixemos de lado esse ideal de perfeição e nos aproximemos mais da realidade.

     Ou não, afinal, as coisas não precisam ser perfeitas, e tá tudo bem.

Autoconhecimento

     Você já se questionou sobre como é um processo de autoconhecimento?
 

     Como mencionei em posts anteriores, somos resultados de uma constante construção e desconstrução de ideias e ideais. Em meio a isso, geralmente usamos de exemplos nossas figuras modelos, como nossos responsáveis, que também nos introduzem na linguagem. Quando nos damos conta de nossa semelhança com os outros, muitas vezes procuramos algo que posso nos distinguir, que nos torne, de certa forma, especiais.

     Em grande parte das vezes, é justamente aí que começa a procura pelo autoconhecimento. Mas como é possível fazê-lo?

     Não sei se já pararam para pensar nisso, mas nossa linguagem é limitada, especialmente para aquilo que sentimos. Muitas vezes é difícil explicar o que se passa dentro da gente justamente por faltarem palavras que o descreva. Outras vezes simplesmente somos incapazes de olhar e lidar com aquilo que, em silêncio, grita dentro de nós.

     Comumente, inclusive, atrelamos alguns desses sentimentos a outros termos, que talvez nem o descrevam bem, na tentativa de tentarmos tomar controle sobre ele. É aí que se mostra visível a importância da terapia.

     Em um processo terapêutico, para a psicanálise, teríamos então, o indivíduo, que busca esse conhecimento de si e o psicólogo ou psicanalista, que utilizaria do seu conhecimento para guiar o indivíduo nessa busca, ajudando a nomear e conhecer esses misteriosos sentimentos. Desconstruindo conceitos que talvez não fizessem tanto sentido assim e dando origem a novos.

     E como se conhecer seria beneficial? Eu diria que um autoconhecimento levaria não só a um controle maior dos estados emocionais, pensamentos, reações e comportamentos, mas também a uma noção maior de realidade. Digo realidade no sentido de tomar consciência da diferença como as coisas são ao seu redor e de como você às interpreta. Nesse sentido, se tornaria mais fácil traçar objetivos, fazer escolhas e estabelecer metas de vida.

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